segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ateísmo à italiana

Campanha contra Deus que se alastra pela Europa é barrada na Itália; ateus prometem batalha judicial.
A associação italiana União dos Ateus e Agnósticos Racionalistas (UAAR) foi proibida de divulgar uma campanha publicitária nos ônibus de Gênova.
A concessionária de publicidade nos meios de transporte públicos IgpDecaux considerou que o slogan “Má notícia: Deus não existe; boa notícia: você não precisa dele” é provocativo e não se enquadraria no código de ética da propaganda italiana“Não esperávamos a proibição da campanha, mas levávamos em conta o risco que corríamos.
O contrato já estava pronto para ser assinado”, disse à BBC Brasil Giorgio Villella, organizador dos eventos da UAAR e ex-secretário nacional da entidade.
A IgpDecaux, com sede em Milão, argumentou que a natureza da campanha ateísta - que segue o exemplo de outras que estão sendo veiculadas em ônibus ingleses e espanhóis - só será autorizada caso o slogan seja alterado. Segundo o administrador do órgão, Fabrizio DuChene, a proibição não levou em conta as pressões da Igreja.
A UAAR promete lutar para ter o direito de dizer ao público que Deus não existe. “Vamos pedir que à prefeitura de Genova revogue o contrato com a IgpDecaux. A prefeita da cidade, que é laica, tinha se declarado favorável à campanha, realçando o direito de liberdade de expressão. E iremos até a Corte de Justiça Europeia se for necessário”, afirma Villella.A Igreja Católica comemorou o cancelamento da campanha.
Para o monsenhor Marco Granara, reitor do Santuário de Nossa Senhora della Guardia, prevaleceu o bom senso. “Todos os problemas deste tipo, como o ateísmo e a homossexualidade, não devem ser enfrentados com batalhas, mas sempre através do espaço para o diálogo”, disse ele ao jornal La Repubblica.
Durante a fase de discussão sobre a campanha, alguns motoristas cristãos da empresa de transporte público de Gênova ameaçaram não conduzir ônibus que carregassem a propaganda ateísta.
A veiculação da campanha custaria cerca de 8 mil euros (aproximadamente R$ 23 mil). Dois ônibus circulariam a partir do dia 4 de fevereiro durante quatro semanas. Giorgio Villela diz que os 13 mil euros em doações que a UAAR recebeu serão agora usados na “batalha judicial para dar voz a quem não acredita em Deus.”

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